Postagens

A impermanência das coisas

Imagem
  Tudo é impermanente. Aprendi isso no Budismo, há muito tempo atrás. Depois, ouvi essa frase em outras fontes... Mas sempre com a mesma ideia de que nada dura para sempre. Nada.   Isso pode parecer pessimista, num primeiro momento. Por outro lado, se observamos isso de perto, nossa percepção muda. Começamos a dar muito mais valor a cada pequena coisa em nossa vida, a cada encontro, a cada pessoa que cruza nosso caminho.   Mas, para realmente integrar essa ideia, para que ela não continue como uma mera ideia dentro do nosso ser racional, é preciso vivenciá-la. Cada um faz a sua maneira, e creio que esse momento de pandemia em que vivemos tem trazido de forma escancarada a questão da impermanência.   Vivenciei a impermanência há mais tempo, quando estava me preparando para a escalada do Cho Oyu, uma montanha de mais de 8.000 metros. Essas montanhas um tanto mais arriscadas, por conta da altitude extrema, entre outras coisas. Foram muitos meses de preparo f

Visões de montanhista

Imagem
Os tempos estão conturbados, como sabemos e sentimos. Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer, é difícil fazer qualquer tipo de previsão. A única certeza é que seremos / estaremos diferentes daqui pra frente. Na forma de pensar e de interagir com outros seres e com nosso planeta. Em meio a uma tempestade na Serra Fina. Foto: Carol Teramoto De meu olhar – limitado – vejo que as pessoas das cidades grandes estão sofrendo mais por essa situação do vírus. Percebo as pessoas mais perdidas, mais angustiadas por ter que ficar em casa, sem saber muito como preencher o tempo, algumas preocupadas em estocar comida e outros itens, mais estressadas e com medo. Nas cidades menores, vejo as pessoas mais relax. Creio que o ritmo de vida no interior seja mais lento e as pessoas, naturalmente, ficam mais em casa. Assim, todos estão mais habituados a isso e ficar em casa “sem fazer nada” não é um problema. Estou generalizando, claro... Tem todo tipo de pessoa em todos os lugares... Dia

MUDAR, SEMPRE

Imagem
Se eu for pensar em uma palavra que possa representar minha vida, essa palavra é MUDANÇA. Hoje olho para trás e vejo o quanto mudei, seja fisicamente ou pessoalmente. Quem me conhece mais de perto sabe que parei de contar as vezes que mudei de casa quando cheguei na 25°... fora a época que, trabalhando para a Morgado Expedições, simplesmente não tive casa. Já trabalhei como engenheira, instrutora de Yoga, já tive academia de escalada. Pedalei, corri, nadei, joguei vôlei, polo aquático, escalei rocha e montanha. O que me empurrava para essas mudanças todas era sempre uma certa insatisfação: sempre acreditei que temos que trabalhar no que nos satisfaça a alma e que a vida tem inúmeras possibilidades. E eu sempre busquei a melhor possível. Mas, o incerto faz parte, e quando acreditei que tinha “estabilizado”, trabalhando como guia de trekking e de montanha, veio mais uma vez o furacão da mudança e fez mudar meus planos novamente. Questões mais sutis que sempre vem com um

Mal de Altitude, HAPE, HACE

Imagem
MAL DE ALTITUDE O mal da montanha, também conhecido como mal de altitude ou AMS (Altitude Mountain Sickness), é uma condição patológica relacionada com os efeitos da altitude em humanos, causada por uma baixa taxa de oxigênio. Ocorre normalmente acima dos 2400 metros. Muitas vezes as pessoas não levam isso a sério, quando planejam ir em uma escalada ou mesmo caminhada em altitude. Mas é um assunto extremamente importante e quanto mais informações sobre isso, melhor. É difícil determinar quem será afetado pelo mal de montanha, uma vez que não há fatores específicos relacionados a quem vai sofrer da doença. Pessoas bem condicionadas fisicamente podem sofrer os sintomas, assim como pessoas não tão bem preparadas. Contudo, a grande maioria das pessoas é capaz de subir até aos 2400 m sem dificuldade. Vamos entender melhor a questão do “ar rarefeito”. A porcentagem de oxigênio no ar é de 21%, e permanece praticamente inalterada até os 21.000 m. No entanto, é o número de mol

A escalada da Deusa Turquesa

Imagem
ESCALANDO O CHO OYU – A DEUSA TURQUESA “Um dia é preciso parar de sonhar, e partir” Amyr Klink Há muitos e muitos anos, li um livro – All 14 eighthousanders – de Reinhold Messner, sobre sua escalada de todas as montanhas com mais de 8.000m. Me lembro de ter ficado deslumbrada com aquele mundo de neve, gelo, botas, crampons e falta de oxigênio. Ao mesmo tempo, achei que aquilo era um sonho distante... na época, eu morava em Analândia, interior de São Paulo e minha realidade era terminar meu mestrado e escalar em rocha, no Cuscuzeiro. Creio que a escalada do Cho Oyu começou lá, naquele ponto da minha vida. Não que eu soubesse que um dia escalaria uma dessas montanhas, mas creio que o sonho, ainda que aparentemente impossível, havia se criado em minha mente. A APROXIMAÇÃO A escalada do Cho Oyu tem algumas peculiaridades. Primeiro, todos os acampamentos são muito altos. Ter o acampamento base a 5.700m é difícil! Nessa altitude (mais alto que o Mt. Elbrus na